quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Devaneio: Uma reflexão sobre clichés

Quem nunca, ao ler um livro, deu por si a pensar: "Eu já vi isto é qualquer lado?"
São os clichés. Esses bichinhos filhos da preguiça e a falta de criatividade.

Os clichés podem estar em todos os elementos de um livro, desde os personagens, à relação entre eles, à ação, até à forma como é descrito. Podem ser coisas subtis e passar despercebidas, ou podem ser coisas tão más e chatas que estragam o livro.

Na minha opinião, os clichés que mais têm a capacidade de estragar uma história são os que se relacionam com os personagens. A menina ingénua, o melhor amigo apaixonado e o ex-marido maldoso, repete-se e repete-se. Porque não a menina esperta, o melhor amigo que é só amigo e o ex-marido simpático?
Estes personagens são tão comuns que até conseguem saltar entre géneros literários. O ex-marido maldoso pode estar associado a livros românticos, em que a menina ingénua (lá está), tem de se esconder dele. Mas também existe em mistérios, sendo sempre bastante suspeito.

Dentro  das relações entre personagens aquilo  que mais me irrita são os triângulos amoroso. É aquela tentativa de fazer com que o romance não seja óbvio. Claro que pode fazer sentido dentro  de um história e até ficar bem e ai eu sou a primeira a dizer que gosto, mas na maioria é só mesmo para "encher chouriços".

Uma cena semelhante também pode dar cabo de uma história, embora para mim seja mais fácil ignorar. Claro que há  cenas que fazem parte de um género literário e são necessárias. Num livro de fantasia, o protagonista treinar com o seu mestre é, normalmente, essencial não só para o desenvolvimento da personagem como para explicar aos leitores aquele universo e magia. Mas há outras cenas que não são mais do que um recurso barato. A protagonista de um romance cómico cair é  tão comum que já nem mete graça.

Azul como o céu.
Brilhante como o Sol.
Bonita e delicada como uma flor.

Senhores e Senhoras escritores, por favor façam boas metáforas/comparações, ou simplesmente não façam. Não há problema em um texto não ter nenhuma figura de estilo, mas há muitos problemas com as comparações que eu escrevi.

Claro que nem todos os clichés são negativos. Há coisas que se repetem em todos os livros e são boas. Para mim, os clichés que são positivos são aqueles que me deixam feliz ao ler um livro. Por exemplo, o final "felizes para sempre" de um romance cor-de-rosa. Eu quero saber que aqueles personagens com que eu me preocupei vão ter uma vida-ficcional boa. Não me importo de saber desde a primeira página que é assim que vai acabar, o que eu não quero é  que seja cliché a forma como se chega a essa conclusão.

Num livro, dou importância a ler algo diferente, pois se gostasse de estar sempre a mesma coisa, apenas comprava um livro e lia-o e relia-o.

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